terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Filosofias parciais

No que consiste a imparcialidade humana? Definição do dicionário Michaelis para “imparcial”: 1 Que não é parcial. 2 Que não se deixa corromper. 3 Que julga sem paixão. 4 Que não sacrifica a verdade e a justiça a considerações particulares.

Ora, mas se todos os nossos pensamentos são influenciados por acontecimentos específicos, conselhos determinados, fatos particulares... Se nossas decisões são influenciadas pelo momento, pelos sentimentos, pelas emoções! Como assim sem paixão? Somos humanos típicos ou somos imparciais. Fatidicamente, não é uma questão de escolha.

É por isso que eu nunca gostei de julgar, tampouco de ser julgada. Não é só por princípios pessoais, há de se considerar esse simples fundamento, pois tudo aquilo que não se constitui de mero fato está à mercê da interpretação pessoal. Se bem que há a questão do ângulo de análise e então nem mesmo os fatos escampam.

Gostando ou não, porém, fazer escolhas é inevitável. A questão é que é irritante pensar na subjetividade dos limites quanto ao que é certo e ao que é errado ou quanto ao que é bom e o que é ruim. Até que ponto conceitos como verdade e justiça são absolutos, considerando que a nossa “alma” também nos corrompe?

Diante disso, faz tempo que procuro fazer uso de um eterno benefício da dúvida quando se trata de gente. Em relação às outras coisas, procuro não me apegar a opiniões absolutas, normalmente me permito gostar e desgostar mediante qualquer mérito ou demérito relevante. Sei que alguns amigos contra-argumentariam que eu sou cabeça-dura quando ponho algo na mente, que não é fácil assim me convencer nessas ocasiões. Mas aí é outro caso, muitas vezes isso é teima, é orgulho, vontade de ter razão. Talvez gosto pela discussão saudável do momento... Outras vezes é por convicção. Mas, ainda que secretamente, eu sempre tento levar em conta os outros lados. Eu tento... Talvez tirar uma média dos pontos de vista seja o jeito seguro de se chegar a uma conclusão.

De qualquer forma, vai ficando cada vez mais evidente a minha impossibilidade de ser completamente imparcial. E não se restringe a mim, portanto esse é um conceito bastante estranho para ser tão solicitado quanto é. O jeito é sair ponderando o que convém com bastante cautela, porque se ser imparcial fosse uma alternativa, faltaria um passo para a perfeição. Provavelmente, não teria a menor graça.

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