
Se fosse verdade esse meu pensamento, acho que me sentiria como um refugiado existencial que encontrou um abrigo seguro depois de muito procurar, indo contra toda a confusão que há nesse mundo e se desvencilhando um pouco das convenções usuais que adornam nossas vidas. Eu poderia simplesmente ser eu e bastaria. O mesmo valeria para o meu pretenso “entendedor”.
Sim, trata-se de uma utopia romântica. Arnaldo Jabor, em Relacionamentos, já explicitou: “[...] Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento. [...]Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?”
Ele tem toda razão. Eu, no entanto, tenho planos grandes demais pra me conformar em ser só. Bem, ilusão é um mal dos que nasceram assim, sensíveis demais. Eu quero a “solidão de ser só dois”. Seria possível? É a incerteza que alimenta os sonhos e talvez valha mais a pena viver numa procura meio despretensiosa do que se conformar em morar eternamente numa concha. Prefiro morar num casulo e não descartar o poder da “possibilidade”.
Enquanto isso eu continuo compartilhando fragmentos mais convencionais de mim com qualquer um que se pré-disponha a ficar por perto. As alegrias de bolso vão, de qualquer forma, colorindo os meus dias. Solitários, como Jabor pressupôs serem os dias de todos nós mortais, e inconformados, como desejam os meus sonhos.
Um dos textos mais bonitos que eu já li!
ResponderExcluir