segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pensamentos Desgarrados

Pouco tempo atrás, um amigo me perguntou se poderia fazer um tipo de mapa astral meu. Eu nunca me preocupei muito em acreditar ou não em astrologia, horóscopo, búzios, quiromancia ou qualquer espécie de coisa mística com a qual pudesse tentar me entreter uma cigana serelepe qualquer. É claro que eu dava uma olhada, de vez em quando, nas previsões sobre signos, eternamente encaixadas nas páginas das revistas da mulher antenada. Mas uma das coisas que sempre me irrita é a capacidade sutil que essas coisas têm de condicionar as minhas expectativas.
Soa mesmo contraditório essa reação provir de alguém que julga não dar tanta importância ao gênero, mas devo confessar que a imparcialidade talvez não seja exatamente por desinteresse. Mas talvez seja tanto pelo medo de parecer patética ao procurar através desses meios uma orientação quotidiana qualquer, quanto pelo temor a decepção se tais fabulosos “manuais” da vida estivessem equivocado.
Voltando, porém, ao mapa astral e ao meu amigo, que contribuiu para o despertar desses pensamentos desgarrados, fiquei aguardando a conclusão daquele punhado de palavras nas quais estariam, maravilhosamente, traduzidos os principais traços da minha personalidade que revelariam a essência do meu eu.
Eis que finalmente pude ver o resultado. Gostei particularmente da parte que falava sobre a minha “triunfal inteligência”, mas de repente, logo depois de ler certas passagens, percebi pela primeira vez desde que nasci que a minha vida é uma farsa. Na verdade, eu não sou ponderada, flexível e coerente. Sou reprimida, impulsiva e desequilibrada, isso estava claramente indicado. Ao menos foi um consolo ler que “A sua capacidade de transcender a realidade material e emocional do cotidiano e atingir metas mais elevadas é o que existe de mais brilhante em você”. Logo eu, quem diria? A interpretação do mapa dizia também que eu deveria ter cuidado para não perder a noção da realidade, embora a minha grande busca seja pela sabedoria. Essa última parte até que se aplicaria, mas quanto à metade do que havia no mapa... Bobagem.
Sou mesmo é condicional, mas a racionalidade há de me guiar! Ou de me servir de peneira, ao menos. Enquanto não me convencerem por completo do que posso acreditar, fico com a felicidade da dúvida. Não deixa de ser divertido.

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