quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
"Shyness is nice and shyness can stop you..."
"[...]from doing all the things in life you'd like to" [Ask, The Smiths]
Um dos grandes entraves a minha ascensão social ao grupo das pessoas que estão constantemente em evidencia, sempre foi a minha timidez. O mundo dos que sofrem desse mal é tão interessante quanto totalmente particular. Sempre couberam apenas a mim os relatos das minhas grandes revoluções pessoais.
Estava pensando sobre uma época em que essa palavra, timidez, assombrava os meus dias. Eu deveria ter uns doze anos quando começou e uns quatorze e meio quando começou a terminar, foi uma fase complicada. Eu não era exatamente anti-social e nem tinha dificuldades em compartilhar algumas coisas sobre mim com meus amigos, mas levava tempo pra confiar verdadeiramente neles. E gostava também de me relacionar com as pessoas, desde que não me sentisse ameaçada por elas.
Porém, nunca fui expansiva, não falava as coisas sem pensar e estava sempre preocupada com a opinião e aceitação alheia. Realmente terrível, ainda mais se isso estiver aliado a um perfeccionismo que fazia com que eu me odiasse por tudo o que eu não conseguia ser. Eu comecei então a me apoiar naquilo que eu era realmente boa na época, tirar boas notas e ter comportamento exemplar. Ganhei até medalhas por isso. Só não consegui o que eu realmente queria; a admiração de todos. Parecia inclusive que eles me criticavam, para o meu desânimo. Foi bom poder mudar de colégio e também de perspectiva.
A minha timidez com certeza já me impediu de fazer muitas coisas, me fez desistir de outras, mas sempre fez parte do que eu sou. Embora hoje eu esteja completamente diferente do que era antes, alguns dos meus valores e pensamentos foram construídos lá, naquela época em que eu me escondia. Eu aprendi a me conhecer melhor em cada momento que dediquei a analisar as minhas atitudes, então seguir meus próprios passos me serviu pra algo, afinal. Aprendi também a respeitar os outros, a ter cuidado com julgamentos sobre as pessoas e a ter senso de responsabilidade. Enfim, aprendi muitas coisas.
Meu jeito introspectivo, com o tempo, foi dando lugar a uma personalidade quase (que fique claro esse quase) sempre equilibrada, pertencente a uma menina mais segura, mais leve e mais feliz. É claro que eu precisei conhecer pessoas em quem me espelhar e amigos que me incentivavam a partir do momento que deixavam claro pra mim que eles gostavam muito da garota que eu era e que sempre estariam do meu lado. Havia também a minha família, que sempre me amou muito e me deixou livre pra ser o que eu quisesse ser, desde que parecesse seguro, é claro. Aprendi, felizmente, a importância de confiar em mim e nas pessoas que eu amava.
Quando eu era pequena, adorava imaginar o que aconteceria na minha vida quando eu crescesse. Eu tinha como certo na minha cabeça que o futuro seria maravilhoso e essa era uma forma de me conformar com as coisas que não davam certo. Fiz isso também naquela época ruim, o ápice da minha timidez. Tanta coisa já aconteceu. Eu acho que gosto do que sou agora, mas parece que hoje em dia continuo fazendo a mesma coisa, esperando que o que não está perfeito melhore depois. Não é que o presente seja ruim, mas o tempo passa e a gente cresce pra tentar concertar os erros que sobram. É assim que vida segue.
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